Cachaça, a testemunha ocular das transformações vivenciadas pelo Brasil

  • Disclamer: Este é uma artigo é de autoria de Raimundo Freire, do Kikaxassa, e foi originalmente publicado pelo LEIAMAISba, em 08/09/2020 na seção Opinião. Clique aqui para ver o artigo original.
  • Meu pitaco: Raimundo Freire escreve como se fosse a própria Cachaça falando, na primeira pessoa. Com sua autorização para reproduzir aqui seu artigo e uma tradução em ingles, eis o artigo na integra. Em Ingles algumas partes da narrativa histórica é traduzida num outro post, neste blog.

A cachaça sofre uma grande discriminação desde o início de sua longa história

O dia 13 de Setembro é o dia nacional da cachaça, esse dia foi escolhido em homenagem ao dia em que foi oficialmente liberada sua produção e venda no ano de 1661. Lá se vão 359 anos e os brasileiros pouco ou nada sabem sobre a bebida destilada que representa seu país.

A cachaça é a segunda bebida alcoólica mais consumida no mercado interno. Perdendo apenas para a cerveja, que é uma bebida fermentada. 

Existe um grande preconceito rondando a nossa cachaça. De falsas noções de “bebida de baixa qualidade” até preconceitos de classe e gênero, a cachaça sofre uma grande discriminação desde o início de sua longa história, tão longa quanto à própria história do Brasil.

Motivos reais para isso não existem, pois sabemos que a cachaça é um dos melhores destilados produzidos no mundo. E para quebrar a errônea imagem de “bebida rústica e sem qualidade”, ela mesma irá se mostrar para você.

– Olá eu sou a bebida típica desse país, sou o primeiro produto produzido “intencionalmente” em território brasileiro. Começarei derrubando uma estória a respeito do meu “surgimento casual”, reconheço ser uma estória até bonitinha, mas sem nenhuma base técnica nem científica. Não, eu não sou obra do acaso, nem surgi a partir de um processo impossível de ser realizado.

KikaxassaGlassO processo de destilação de bebidas é conhecido há muitos séculos e os destiladores, “Alambiques”, já eram produzidos pelos povos do Oriente médio. Infelizmente não existem documentos que comprovem o local, nem a data em que eu nasci.

Alguns dizem que eu nasci no estado de Pernambuco, outros em São Paulo, talvez em Parati e até em Porto Seguro na Bahia, essa falta de informações criaram uma pequena confusão, e não ficou por ai, e a data do meu nascimento, essa é outra bagunça… Ou seja, posso ter nascido entre os anos de 1516 a 1532 em alguma região litorânea entre São Paulo e Pernambuco.

Uma das coisas que eu tenho orgulho é de ser o primeiro destilado da América Latina, acredite! Só depois de mim surgiram o pisco peruano, a tequila mexicana, e o rum caribenho. Em 1585 já existiam 192 engenhos no Brasil, 44 anos depois, em 1629, já existiam 349 engenhos em atividade.

Em poucos anos eu me tornei um grande incomodo para Portugal, estava atrapalhando o comércio do vinho e da “bagaceira” que vinha da metrópole. Isso indica que eu já era um produto de qualidade, diferente da informação que foi passada para a população brasileira e até os dias de hoje acreditam nessa inverdade.

Pense nisso! Se eu fosse um produto de baixa qualidade não teria causado tanto incomodo por parte de Portugal a ponto de mandarem destruir os engenhos, proibir a comercialização e afundar os navios que faziam o meu transporte para a África, eu servia como moeda de compra de escravos naquele continente. “E, olha que eu não tinha toda essa qualidade que eu tenho nos dias de hoje”.

Eu fui testemunha ocular das transformações histórica, sociais e econômicas vivenciadas pelo Brasil, leia abaixo algumas delas, você pode até não me consumir, mas não pode negar a minha importância na construção do nosso país.

– No fim da década de 1650, eu vendia como nunca. Para coibir a ilegalidade, uma nova ordem foi expedida em 1659 no sentido de destruir todos os alambiques da colônia, bem como os navios que me transportavam.

– Revolta da Cachaça, é um episódio ocorrido no Rio de Janeiro, entre o final de 1660 e o começo de 1661, foi motivado pelo aumento de impostos excessivamente cobrados aos fabricantes de aguardente.

– 1662 – O padre Antônio Vieira denuncia, em Belém do Pará, a minha troca por índios escravizados. “não me orgulho nem um pouco por isso!”

– 1670-1675 – O governador do Rio de Janeiro, João da Silva e Souza, torna-se um dos meus principais contrabandistas para a África.

– 1679 – Ordem da coroa portuguesa proíbe por dez anos a minha importação em Angola. Mas o contrabando continua, comandado inclusive por governadores do Brasil e de Angola.

– 1695 – Finalmente, Portugal aprova minha exportação, mediante taxas de saída do Brasil e entrada em Angola. Em menos de dez anos, o comércio legal com a África alcançaria 689 pipas (barris) anuais, referente a 310 mil litros.

– Em 1772 foi criado o imposto da cachaça, para pagar salário dos professores e foi chamado de Subsídio Literário e para cada tonel de 30 litros de cachaça seriam cobrados mil e quinhentos réis. O professor ganharia naquela época um salário melhor do que hoje em dia.

– Tempos depois, no século XVIII, eu voltaria ao centro de uma revolta. Mas, dessa vez, a independência do país estava entre as reivindicações.

– Em 1817, a cachaça voltou a ser símbolo do nacionalismo brasileiro. Foi na Revolução Pernambucana, que promoveu um boicote aos produtos vindos de Portugal. A “aguardente da terra”, como era chamada, foi escolhida como bebida antilusitana.

– Provavelmente, Dom Pedro I teria brindado a Independência do Brasil com um cálice de cachaça. Pense: “era o momento em que o Brasil estava se apartando de Portugal e eu era o sinônimo de nacionalismo, não seria nada mais justo, você não acha?”

– Em 1922, jovens intelectuais repetiriam o gesto na Semana da Arte Moderna, em São Paulo. Os modernistas consideravam a bebida o símbolo líquido do país.

-Na comemoração dos 500 anos do Brasil o então presidente da república Fernando Henrique Cardoso, ergueu um brinde com um cálice de Cachaça.

Foram tantas passagens históricas que eu estive presente… Espero que eu tenha te despertado uma curiosidade histórica sobre mim, sobre a minha qualidade e aguçado a sua sede de saber.

Gostaria que você seguisse alguns passos antes de me consumir ou qualquer outra bebida alcoólica.

– Não exagere na quantidade de consumo, claro que a quantidade a se tomar socialmente varia de pessoa para pessoa, pois cada indivíduo tem uma resistência diferente ao álcool. Mas não convém abusar, possuímos um alto teor alcoólico e eventuais exageros não será nada agradável.

– Fique longe do volante, mesmo que só tenha consumido uma dose. Não só por causa da Lei Seca, mas porque o álcool prejudica os reflexos e pode causar acidentes.

– Menores de 18 anos não pode consumir álcool em hipótese alguma.

– As gestantes deverão se manter distante do álcool, não fazemos bem para a criança que está sendo gerada.

– O consumo de água é primordial. Tenha o costume de beber água, ela tem a função hidratante, o álcool presente em mim e nas outras bebidas desidrata seu corpo, esse é um dos fatores causador da conhecida ressaca.

Outra dica de ouro: não tenha pressa. Eu sou uma bebida que deve ser apreciada aos poucos, ao invés de engolida de uma só vez, me apreciar é um ato que não combina com a pressa.

Aproveite-me da melhor forma possível! Venha comemorar o meu dia comigo no Evento Online e gratuito da Kikaxassa, inscrições no

Beba pelo prazer, privilegiando a qualidade e nunca a quantidade.

KikaxassaRaimundoFreire

Cachaça Day, September 13th

Make yourself a Caipirinha! Today is Cachaça Day in Brazil!

This isn’t Caipirinha but a refreshing Lemoncelo and Cachaça drink I build. 2 drops of Amgustura, 2 lemon thin slices, 1 part Sanhaçu Cachaça and 2 parts Lemoncelo, ice to the top of the glass and complete with sparkling water or dry bone sparkling wine (go for it!). The red zest is the lemon tinted with cooked cherries. I made enough for 2, maybe 3, glasses. It’s for celebration, right?

REMEMBER: IT’S ONLY CACHAÇA WHEN MADE IN BRAZIL.

Call it Rum or whatever.. Rum Agricola or else.. I don’t care when is made in places others than Brazil..

CACHAÇA CAN ONLY BE MADE IN BRAZIL.

Who would say Cachaça has so beautiful legs..

Melancholics would call it tears, but Brazilians are more about joy and celebrations. So legs it is!

CAIPIRINHA IS MADE ONLY WITH CACHAÇA, FRESH LIMES, CRISTAL CANE SUGAR AND ICE.

Caipirinha is only Caipirinha when made with Cachaça. 
Any other spirits goes to the drain but never to make Caipirinha. 

Choose your Cachaça and play mixologist and show off to your friends. It’s fun and refreshing.

Sanhacu
Sanhaçu is the best Cachaça I had ever tried! 
Different styles and I loved the Freijó aged Cachaça. 
So fresh!

Sanhaçu is the best Cachaça I had ever tried. 
It just cliques with my palate. 
I use it to re-invent my favorites cocktails. 
It’s all sustainable and organic, showing the best Cachaça craftsmanship. 
Sanhaçu follows the local traditions and bring innovations along to make it all naturalized sustainable. It’s a very high quality Brazilian Spirit.

This image shows Cachaça Germana legs. Germana it’s a very good quality Cachaça made with tradicional alambique method. A craft beverage with local heritage.

ENJOY THE VERY LAST SUMMER DAYS TO FEEL THE BRAZILIAN SPIRIT, CACHAÇA.

Happy Cachaça Day!

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